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Minas Gerais

Exposição de arte é fechada na ALMG após pressão de parlamentares: “Respeitem os cristãos”

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ALMG fecha exposição de arte após pressão de deputado e de grupo de direita - Foto: Divulgação

Parlamentares mineiros denunciaram uma exposição de arte que foi inaugurada no início de setembro no saguão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que segundo eles, ataca a fé cristã.

Nos vídeos, divulgados por eles, é possível ver imagens e objetos polêmicos, a maioria com ofensas à religião cristã. A exposição, do jornalista, poeta e artista plástico Carlos Barroso, tinha como nome “Deslocamento”.

O deputado estadual Carlos Henrique (Republicanos), foi um dos primeiros a denunciar a exposição. Pastor e membro da mesa diretora da ALMG, Henrique visitou o espaço no último domingo (18/09), e criticou a mostra.

“Como Cristão e membro da mesa diretora da Assembleia Legislativa de Minas, não permitirei esse tipo de exposição. Sou defensor da cultura, mas desde que respeite as pessoas e a lei. Absurdo!”. Disse o parlamentar.

Para ele, a exposição é um crime baseado no art. 208 do Código Penal: “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena – reclusão, de um a três anos e multa”.

Carlos mostrou uma mesa com vários rolos de papel higiênico com a cruz invertida para baixo. Ele também mostrou um monumento com objetos sagrados do catolicismo, e por dentro, uma peça íntima, além de deixar bustos á mostra. Na parede, Carlos mostrou um quadro com uma cruz com fita métrica. Na mesma parede, a exposição exibe uma imagem da Santa Ceia.

O parlamentar continua exibindo outros objetos e monumentos, como uma cruz com arame farpado. Ele critica a mostra de Barroso e pede respeito à fé cristã.

MAIS DENÚNCIAS

Nikolas Ferreira, vereador de Belo Horizonte (PL), e Bruno Engler, deputado estadual, também usaram as redes sociais para denunciar a exposição. Bruno disse que, após saber da exposição, procurou o presidente da ALMG, Agostinho Patrus (PT), para que ele cancelasse a mostra.

Além da pressão dos parlamentares, o Mova Brasil – Movimento de Valores BR, grupo conservador de direita, também criticou a exposição nas redes sociais. O grupo, inclusive, convocou um ato de desgravo para esta terça (20/09), às 19h, em frente à ALMG.

Nesta segunda-feira (19/09), Nikolas Ferreira e Bruno Engler foram ao saguão verificar o local. Nas imagens, eles mostraram os organizadores desmontando a exposição, após determinação do presidente da ALMG.

“VITÓRIA! A Mesa da Assembleia atendeu nosso pedido e mandou retirar a exposição que ataca a Fé Cristã”, celebrou Bruno Engler. “Vencemos! Respeitem os cristãos”, comemorou o vereador Nikolas Ferreira.

ALMG fecha exposição de arte após pressão de deputado e de grupo de direita – Foto: Divulgação

O QUE DIZ CARLOS BARROSO

Procurado, Carlos Barroso negou que tenha tido a intenção de atingir a fé ou a orientação religiosa alheia e se diz vítima do discurso de ódio de extremistas de direita.

“Arte é estética, é dessacralização. Defendo todas as fés, todas as religiões, mas a arte contemporânea é iconoclasta, contestadora. Ela tem esse papel. Não quero atingir ninguém, isso é a imaginação grotesca deles, é a política de ódio contra a arte e a cultura”, disse ele. “É uma censura ao direito de expressão, um atentado político à arte”, completou.

O Sindicato dos Jornalistas divulgou uma nota na tarde desta segunda-feira (19), em que protesta contra o fechamento da mostra de Carlos Barroso, presidente em exercício da Casa do Jornalista.

“Causa-nos estranheza uma casa que se diz plural ceder à pressão de apenas um parlamentar, em detrimento de tantos outros que lá têm assento e que contribuem para a pluralidade no ambiente democrático. A interdição da mostra é mais um ato de intolerância que marca os dias de hoje”, diz trecho do texto.

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