Exumação de corpos no Quênia, em abril de 2023 — Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP
Autoridades do Quênia encontraram na segunda-feira (17/07), mais 12 corpos de vítimas da seita evangélica conhecida como ‘seita da inanição’. Agora, o total de mortos em decorrência das práticas do grupo chegou a 403, em um caso que já é chamado de “massacre de Shakahola”, fazendo referência à floresta do Quênia onde os eventos ocorreram.
Espera-se que o número de vítimas aumente, já que as buscas por valas comuns na extensa região costeira do Quênia continuam, quase três meses depois da descoberta das primeiras vítimas.
A seita cristã era liderada por Paul Nthenge Mackenzie, ex-motorista de táxi, que seduziu os seguidores prometendo salvação religiosa por meio da morte por inanição. Os seguidores foram induzidos a abandonar suas casas e se mudar para a floresta de Shakahola, acreditando que o local era um santuário para o iminente apocalipse.
Porém, a propriedade acabou se tornando o cenário de um crime horrível. Os fiéis morreram de fome ou prejudicaram gravemente sua própria saúde na crença de que encontrariam Jesus.
Autópsias revelaram que algumas vítimas, incluindo crianças, foram estranguladas, agredidas ou asfixiadas. O alto número de mortos é atribuído ao fato de que as atividades da seita passaram despercebidas por um longo período de tempo.
Paul Nthenge Mackenzie foi preso em 14 de abril e enfrentará várias acusações, incluindo terrorismo. Outras 16 pessoas foram acusadas de serem parte de um grupo encarregado de garantir que nenhum membro da seita interrompesse o jejum ou fugisse da floresta, localizada perto da cidade costeira de Malindi.
O ministro do Interior do Quênia anunciou que a floresta de Shakahola será declarada como um “memorial”. Enquanto isso, no mês passado, a Justiça abriu processos por “tentativa de suicídio” contra 65 membros da seita que se recusaram a comer depois de serem resgatados da floresta.
Estes processos foram criticados por grupos de direitos humanos. A Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia denunciou a decisão como “inadequada”, argumentando que “traumatizará os sobreviventes no momento em que precisam desesperadamente de compreensão”.
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