Mundo Cristão
Bolsonaro leva "puxão de orelha" de pastor por causa de soberba
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6 anos atrásem
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Tadeu RibeiroBolsonaro deve lidar agora com uma contínua cobrança dos segmentos que o apoiaram, para que ele cumpra suas promessas de campanha. [caption id="attachment_28472" align="alignleft" width="394"] Bolsonaro em entrevista no Jornal Nacional da TV Globo.[/caption] Pensando nisso, o pastor Mauro Meister, que é membro do Conselho Fundador da Coalizão pelo Evangelho no Brasil, escreveu e divulgou uma carta aberta, direcionada ao presidente Bolsonaro, que toma posse em janeiro de 2019. Nela, o pastor pede que o chefe do poder executivo mantenha sua humildade diante de Deus, e não se sujeite a ser influenciado pelas pessoas que estão a sua volta, o que, na prática, é bastante difícil, tendo em vista que o presidente precisa sempre estar atento ao que está acontecendo ao seu redor, ouvindo pessoas e delegando funções. Meister falou sobre a necessidade de Bolsonaro deixar de ser um “mito”, e passar a ser “um homem que teme não outros homens, mas o Soberano do universo”. Confira abaixo o texto:
“Caro Presidente Bolsonaro, Escrevo sem saber se estas palavras algum dia chegarão aos seus olhos e ouvidos, mas ainda assim, a publico na esperança de que leia. Primeiramente, parabéns. O senhor foi eleito e, acredito, a mão de Deus o levou até onde estará a partir de 1º de janeiro de 2019. Acredito assim porque a Escritura nos fala que as autoridades são ministro de Deus para fazer o bem e punir ao mau (Rm 13) e, também, é claro no livro do profeta Daniel, que é Deus quem coloca e depõe os governantes. Também porque o que vimos foi algo inédito, foi um movimento popular que o apoiou de forma tão espontânea e tão crescente. Foi impressionante ver tudo isto. Antes de continuar, preciso esclarecer um ponto importante. Votei no senhor para a presidência da República, mas não declarei meu voto e nem fiz campanha. Isto porque queria ter a liberdade de escrever esta carta baseada nos princípios que segui, como ministro religioso que sou, sem ter influenciado partidariamente o rebanho de Cristo sobre o qual tenho responsabilidade. Meus desejos são de prosperidade e sucesso no seu mandato. Seria para outros candidatos também, orando pela nação e pelo presidente. Mantenho o compromisso de orar frequentemente pelo senhor e pela sua equipe junto com a igreja. Me comprometo também a apoiar as justas causas que forem propostas pelo senhor e pela sua equipe, dando um voto de confiança às boas intenções de quem quer fazer o bem e punir aquele que propaga o mal, segundo a Bíblia a principal função do governo. Conte comigo como cidadão de bem que quer ver o seu bem e o bem da nação. Dito isto, quero deixar registrados alguns temores que guardo no coração. O primeiro deles é que, pelo fenômeno que representou sua eleição, se esqueça que foi a mão de Deus que o levou até onde está. Não é incomum que aqueles que chegam ao poder se esqueçam disso, principalmente influenciados por aqueles que estão à sua volta, lhe dando conselhos. Que o slogan da sua campanha seja verdade no seu mandato: Deus acima de todos, inclusive do Presidente da República. Que Ele infunda temor no seu coração, para que não cresça a soberba. Uma das figuras mais belas da Bíblia a respeito do governante, é que ele saiba agir como um pastor sobre o povo. E para que qualquer homem faça isto, tem que temer a Deus. Não seja um mito. Seja um homem que teme não outros homens, mas ao soberano do universo. Outra preocupação que carrego é o que farão em seu nome e pela sua influência. Politicamente sou um liberal. Acredito no Estado mínimo, na liberdade econômica, na liberdade de consciência e religião, no direito a autodefesa. Já deixei claro que, biblicamente, o Estado deve punir o que pratica o mal e acho tolas as nossas leis e políticas públicas a respeito da criminalidade e o trato de criminosos como vitimas da sociedade. Ninguém aguenta mais essa tolices alardeadas publicamente por tantas autoridades. Avalio que seja esta umas das razões principais pelas quais a população saiu em peso para elege-lo presidente. Por outro lado, é necessário muito cuidado. O chavão “Bandido bom é bandido morto” é uma generalização perigosa. Sou, inclusive, a favor da pena capital. Porém, corremos o sério risco de usarem seu nome e ideias para o estabelecimento de violência e uso da própria maldade e crueldade. É sua responsabilidade estabelecer o tom do discurso e mostrar aos seus liderados o curso de ação legal, até mudando as leis necessárias, mas sem trazer convulsão social e violência gratuita ao meio de um povo já sofrido. É parte clara da sua proposta combater a corrupção. Como precisamos disso! Porém, nunca esqueça que combater a “grande corrupção” não dá a quem a combate o direito a “pequenas corrupções”. As pequenas corrupções são a porta para as outras. Seja duro com os outros e consigo mesmo. Seja duro com a sua equipe e com os que estão a seu redor. Seja sóbrio com os privilégios, mesmo aqueles que são institucionalizados. O senhor bem sabe que encontrará em meio àqueles que já estão em várias posições vão lhe cercar com muitas propostas más. Rejeite-as, afaste-os. Promova campanhas para que a ética pessoal de todos os brasileiros seja elevada do patamar rasteiro no qual foi jogada por anos de descaso com o patrimônio alheio e com os direitos dos demais. Cerque-se de homens e mulheres que amam a verdade, a justiça e a piedade. Seja humilde, inclusive nas palavras. Mantenha o respeito para com todos. Continue a rir de si mesmo, é bom para o coração. Cuide da sua casa, sua filhinha, ame-a com simplicidade e sinceridade. Gaste tempo com ela! Isso vai fazer de você um melhor presidente. Seja humilde, reconheça seus erros. Não viva de imagem, viva da verdade, com erros e acertos. Que o Senhor te abençoe e abençoe a nossa nação. Mauro Meister, Marido, pai, cidadão, pastor.”]]>
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