A cantora gospel Ana Paula Valadão será alvo de uma representação ao Ministério Público pela Aliança Nacional LGBTI+, em virtude de um vídeo que passou a circular na madrugada desta sexta, e que tomou conta do Twitter neste sábado (12).
Durante o Congresso Diante do Trono do ano passado, cujo tema foi “Assim na Terra como no Céu”, Ana Paula Valadão estava em um bate-papo com o cantor gospel Asaph Borba, que contava uma história dele com um amigo, a quem chamou de “companheiro”. Ao ouvir essa descrição, Ana Paula chamou a atenção de Asaph e disse que precisava esclarecer para o público o termo “companheiro”, para não dar a impressão que ele estava se referindo a um namorado, já que o termo “companheiro” é bastante utilizado para designar pessoas LGBT que se relacionam.
“Muita gente acha que isso [ser gay] é normal. Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual (sic) é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, opinou.
Dentre essas consequências, segundo Ana Paula Valadão, estaria a AIDS, causada pelo HIV. Para ela, Deus castiga pessoas LGBT com a doença pelo fato delas não serem héteros, como Ana Paula crê que é o “normal”.
“A Bíblia chama de qualquer opção contrária ao que Deus determinou, de pecado. E o pecado tem uma consequência que é a morte. Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte e contamina as mulheres, enfim… Não é o ideal de Deus”, afirmou a cantora gospel.
Por meio de nota, a Aliança Nacional LGBTI+ afirmou neste sábado (12) que Ana Paula Valadão fez um discurso “absurdo” e “odioso”:
“O discurso de Ana Paula beira ao absurdo, extrapolando a liberdade religiosa e de expressão, tornando-se um discurso odioso, fanático e amplamente desproposital, com consequências potencialmente desastrosas, principalmente para quem a segue”, diz um trecho da nota.
“Nos encontraremos nas barras da lei – a lei dos homens e das mulheres. Não se deve acreditar em um Deus como este pregado pela apresentadora, que espalha preconceitos, estigmas e ódio! Se a sua exegese e hermenêutica são essas, as nossas são os artigos 3º e 5º de Constituição Federal cidadã de 1988″, continua o texto, citando os artigos que afirmam que todos são iguais perante a lei.
A entidade afirmou ainda que irá fazer uma representação contra a cantora gospel no Ministério Público, para que ela responda pelo crime de racismo. Isso é possível porque o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou os crimes de homo/transfobia ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível, e tem penas que variam de 1 a 5 anos de reclusão, caso seja condenada.
“A pastora ao associar o HIV a comunidade LGBTI, comete o mesmo equivoca daqueles que quiseram ligar a pandemia do coronavirus a China. É crime, vamos representa-la por LGBTFOBIA, nos termos da decisão do STF”, disse o advogado e coordenador da Aliança Nacional LGBTI+, Marcel Jeronymo.
Ana Paula Valadão está se isolando nas redes sociais, fechando comentários no Instagram e até sua conta no Twitter, e ainda não se manifestou sobre o assunto. Ela segue entre os tópicos mais comentados do Twitter Brasil neste sábado (12).
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