De acordo com um relatório independente da advocacia alemã Westpfahl Spilker Wastl – encomendado pela própria Igreja Católica, e publicado nesta quinta-feira (20/01) -, o Papa emérito Bento XVI teria acobertado casos de pedofilia na Alemanha.
Segundo relatório divulgado na imprensa, as acusações contra Bento XVI são de que ele não teria feito nada para impedir que um padre abusasse de quatro meninos na época em que foi arcebispo de Munique e Freising, entre 1977 e 1982.
“Ele havia sido informado sobre o que aconteceu”, disse o advogado Martin Pusch, um dos responsáveis pela investigação, em entrevista coletiva em Munique. “Acreditamos que ele pode ser acusado por má-conduta desses quatro casos. Os abusadores continuaram com suas atividades pastorais”.
O então cardeal Joseph Ratzinger, antes de se tornar papa, não fez nada para afastar quatro clérigos suspeitos de abusos sexuais contra menores, segundo o relatório da advocacia.
Os investigadores disseram estar convencidos de que Ratzinger estava ciente do passado pedófilo do padre Peter Hullermann, que chegou em 1980 da Renânia do Norte-Vestfália, na Baviera, onde continuou a praticar abusos por décadas sem ser incomodado.
Joseph Ratzinger negou conhecer o passado do padre, cujo caso ganhou as manchetes dos jornais em 2010, na época do pontificado de Bento XVI.
No geral, o relatório denuncia o acobertamento sistemático de casos de violência contra menores entre 1945 e 2019 com o objetivo, segundo eles, de “proteger a instituição da Igreja”.
O secretário particular de Bento XVI, monsenhor Georg Gänswein, disse que o papa expressou “comoção e vergonha” pela pedofilia na Igreja após a divulgação do relatório que o acusa de passividade nos casos de abuso infantil na Alemanha.
“Expressa sua comoção e vergonha pelos abusos de menores cometidos por clérigos, e oferece sua proximidade e orações a todas as vítimas”, afirmou Gänswein à imprensa, especificando que o papa emérito “ainda não leu o relatório de 1.000 páginas” envolvendo ele. “Nos próximos dias ele examinará o texto com a atenção necessária”.
Bento XVI, agora com 94 anos, tornou-se o primeiro Papa a renunciar em mais de 600 anos, em 2013, alegando exaustão. Desde então, ele leva uma vida bastante tranquila na Cidade do Vaticano e recebeu o título de papa emérito.
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