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Política

Sem cervejinha e jingle gospel; encontro de Lula com evangélicos vira culto no RJ

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Lula ora durante encontro com evangélicos em São Gonçalo (RJ) - Fotos: Ricardo Stuckert e O Globo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo PT, participou na manhã desta sexta-feira (09/09), de um encontro com evangélicos na cidade de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), também participou do evento.

Na entrada do evento, havia uma mesa com o folheto que o PT tem distribuído em igrejas, intitulado “O que os evangélicos realmente querem para o Brasil”.

No evento, houve oração conjunta, louvores, leitura de versículos bíblicos e uso de vocabulário cristão. Além disso, o evento teve apresentação de jingles gospel e a leitura de uma carta da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito a Lula.

Diferentemente dos outros encontros. O tom das falas do ex-presidente sofreu mudanças sutis e pontuais. Frase comum em seus discursos, Lula alterou o “churrasquinho e cervejinha” para dialogar melhor com o público, suprimindo a bebida alcoólica.

“Quando eu falo de churrasquinho, não estou brincando. Eu falo porque sei que no Rio de Janeiro o povo adora se reunir no fim de semana para comer um churrasquinho, reunir a família e repartir o pão”, disse Lula, que retirou a palavra “cervejinha” do contexto.

Ainda no evento, o candidato afirmou que políticos não devem usar o nome de Deus para ganhar votos. “O Estado não deve ter religião, o Estado não deve ter igreja. O Estado tem que garantir o funcionamento e a liberdade de quantas igrejas as pessoas quiserem criar”, disse Lula em discurso.

“E eu posso dizer para vocês: eu admito um ser humano normal mentir, mas não é aceitável um pastor, que diz que fala em nome de Deus, mentir. Ninguém pode mentir em nome de Deus. Aliás, ninguém deve usar o nome de Deus em vão, ninguém deve usar o nome de Deus para tentar ganhar voto, ninguém deve”, completou ele.

Lula afirmou que “se não fosse a mão de Deus em cima de mim, eu não teria chegado aonde eu cheguei”. O candidato ainda atribuiu a chegada dele à presidência a “algo superior” que guiou o caminho dele, já que tem origem pobre.

“Se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu. Porque eu não teria chegado aonde eu cheguei se não fosse a mão de Deus dirigindo os meus passos”, disse Lula.

Segundo o jornalista Guilherme Amado, que acompanhou o discurso de Lula, a fome foi a principal pauta no encontro com as lideranças evangélicas. Todos os pastores, em suas orações, falaram sobre a necessidade de comida na mesa dos brasileiros.

Antes de os políticos discursarem, houve até cantoria de louvor. “Tem coisa boa chegando”, dizia trecho da letra. “O importante é que eu sobrevivi.” Ao final, foi feita uma oração. O PT avalia que o ginásio recebeu cerca de 3 mil pessoas.

As imagens gravadas nesta sexta (09), devem ser usadas na propaganda eleitoral e nas redes do ex-presidente, para se defender de acusações bolsonaristas que tocam em temas caros aos evangélicos, como, por exemplo, o fechamento de igrejas caso ele seja eleito.

As pesquisas de intenção de voto mostram que Bolsonaro tem hoje maior apoio entre os eleitores que se declaram evangélicos. Segundo uma pesquisa publicada pelo Datafolha, Bolsonaro tem 49% entre os evangélicos, e Lula 32%.

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